segunda-feira, 29 de junho de 2009

2.4 Industrialização

 

Em 1912, São Paulo já era o maior centro industrial do país, ultrapassando o Distrito Federal.


Estabelecimentos

Empregados

N. Médio de Empregados por Estabelecimento

Força Motriz

São Paulo

3.321

42.843

13

30.945

Distrito Federal

643

22.466

35

19.363

Rio de Janeiro

587

13.910

24

9.634

Rio Grande do Sul

1.199

9.256

8

5.088

Minas Gerais

732

9.786

13

7.093

Outros Estados

2.994

46.259

15

21.052

Total

9.475

144.520

108

93.121

Fonte: A Cidade de São Paulo, IBGE, pág. 33.

Como vimos anteriormente, durante o período da Primeira Guerra a indústria brasileira tem um salto quantitativo e qualitativo. Entretanto, essa situação não se mantém por muito tempo. Em meados da década de 1920, a indústria paulista se depara com um leve retrocesso. Isso se deve ao fato das indústrias europeias já estarem em processo de recuperação e ao alto custo e baixa qualidade do produto brasileiro (Baer, 1966, pág. 14).

Logo em seguida temos a Crise de 29. A Crise teve um forte impacto no mundo inteiro como também no Brasil. Os efeitos nas importações foram brutais, caíram de U$$ 445,9 milhões para 180,6 milhões em 1932. (Baer, 1966 pág.16). O café, que representava 71% das exportações, teve um sério impacto e foi a maior preocupação do governo. As autoridades brasileiras passaram a limitar as importações o que acabou gerando uma grande carência no mercado. Isso se tornou um forte incentivo para aumentar a produção industrial interna e, assim, o capital do café foi mais uma vez aplicado em outro setor. Já em 1933, o Brasil recuperava a produção industrial do período anterior a crise.

Também é em 1930 que temos a ascensão de Getúlio Vargas à presidência da República. O novo presidente teve um importante papel no processo de industrialização de São Paulo e, consequentemente, do Brasil. Vargas investe nas indústrias de bens duráveis e na chamada indústria de base, principalmente nas hidrelétricas, cimento e metalúrgicas. Assim, construiu as bases para um processo de industrialização mais profundo.

Em 1950, o número de operários em São Paulo elevou-se mais de 174% em relação a 1940 e o número do valo da produção aumentou mais de 7 vezes (A Cidade de São Paulo, vol. III. Pág. 37.). Em 1950, São Paulo já concentrava mais de 27% dos estabelecimentos fabris e mais de 38% dos operários do Brasil. Também concentrava cerca de 44% do capital empregado na industria nacional. As indústrias de alimentação e têxteis continuaram sendo as mais significativas, seguido das metalúrgicas e mecânicas, químicas e farmacêuticas, construção civil e materiais de transporte.

Com Juscelino Kubitschek há o grande desenvolvimento industrial do país. A historiografia tradicional aponta como o período onde, de fato, começa-se a industrialização do Brasil. Lançado em 1956, o Plano de Metas permitiu a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro: isentou de impostos de importação as máquinas e equipamentos industriais. O Plano também ofereceu uma generosa política de crédito na tentativa de estimular o mercado interno, promoveu um grande investimento na indústria automobilística, com a vinda de fábricas de automóveis para o Brasil (principalmente o ABCD paulista), incentivou a indústria naval, a expansão da indústria pesada, a construção de usinas siderúrgicas e de grande usinas hidrelétricas, como Furnas e Três Marias. Além disso, abriu as rodovias transregionais e aumentou a produção de petróleo da Petrobrás.

É neste período que vemos uma grande transformação espacial em São Paulo. O grande crescimento industrial trouxe consigo um intenso movimento migratório vindo principalmente da Região Nordeste para São Paulo. A capital não estava preparada para essa transformação, por isso ocorre um rápido processo da macrocefalia urbana. Nas proximidades dos vales do Tietê e do Tamanduateí, onde ficam os bairros da Mooca, Lapa, Freguesia e Tatuapé, começa a observar-se uma paisagem tipicamente industrial, com fábricas, galpões, bairros operários, ruas pavimentadas, chaminés e muita poluição. O centro de São Paulo começa a se dinamizar, ganhando mais lojas, ruas, edificações e fluxos de pessoas a cada dia e também tem o seu crescimento vertical acentuado. Nesse período, as diferenciações espaciais (dentro do paradigma funcional) se acentuam, ou seja, as diferenças entre o centro, as zonas de transição, os subúrbios e as áreas periféricas industriais se torna mais nítida.

A partir da década de 1960, chega ao Brasil a chamada “Revolução Verde”. Trata-se de uma série de transformações nas técnicas e nas tecnologias de plantio. O modelo se baseia na intensiva utilização de sementes melhoradas (particularmente sementes híbridas), insumos industriais (fertilizantes e agrotóxicos), mecanização e diminuição do custo de manejo. Também é creditado à revolução verde o uso extensivo de tecnologia no plantio, na irrigação e na colheita, assim como no gerenciamento de produção.

Essa transformação acaba gerando um forte impacto em São Paulo, como a concentração fundiária e de capital nas zonas rurais. Como só os grandes produtores podem investir nessas novas técnicas e têm acesso a crédito, os camponeses e pequenos produtores acabam sendo expulsos e migram para os grandes centros urbanos. Este êxodo rural para São Paulo agrava ainda mais os problemas de estrutura urbana da capital. Surge, assim, o agronegócio, que em São Paulo é feito com a laranja, a soja, o café e a cana-de-açúcar.

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