Em 1912, São Paulo já era o maior centro industrial do país, ultrapassando o Distrito Federal.
| Estabelecimentos | Empregados | N. Médio de Empregados por Estabelecimento | Força Motriz |
São Paulo | 3.321 | 42.843 | 13 | 30.945 |
Distrito Federal | 643 | 22.466 | 35 | 19.363 |
Rio de Janeiro | 587 | 13.910 | 24 | 9.634 |
Rio Grande do Sul | 1.199 | 9.256 | 8 | 5.088 |
Minas Gerais | 732 | 9.786 | 13 | 7.093 |
Outros Estados | 2.994 | 46.259 | 15 | 21.052 |
Total | 9.475 | 144.520 | 108 | 93.121 |
Fonte: A Cidade de São Paulo, IBGE, pág. 33.
Como vimos anteriormente, durante o período da Primeira Guerra a indústria brasileira tem um salto quantitativo e qualitativo. Entretanto, essa situação não se mantém por muito tempo. Em meados da década de 1920, a indústria paulista se depara com um leve retrocesso. Isso se deve ao fato das indústrias europeias já estarem em processo de recuperação e ao alto custo e baixa qualidade do produto brasileiro (Baer, 1966, pág. 14).
Logo em seguida temos a Crise de 29. A Crise teve um forte impacto no mundo inteiro como também no Brasil. Os efeitos nas importações foram brutais, caíram de U$$ 445,9 milhões para 180,6 milhões em 1932. (Baer, 1966 pág.16). O café, que representava 71% das exportações, teve um sério impacto e foi a maior preocupação do governo. As autoridades brasileiras passaram a limitar as importações o que acabou gerando uma grande carência no mercado. Isso se tornou um forte incentivo para aumentar a produção industrial interna e, assim, o capital do café foi mais uma vez aplicado em outro setor. Já em 1933, o Brasil recuperava a produção industrial do período anterior a crise.
Também é em 1930 que temos a ascensão de Getúlio Vargas à presidência da República. O novo presidente teve um importante papel no processo de industrialização de São Paulo e, consequentemente, do Brasil. Vargas investe nas indústrias de bens duráveis e na chamada indústria de base, principalmente nas hidrelétricas, cimento e metalúrgicas. Assim, construiu as bases para um processo de industrialização mais profundo.
Em 1950, o número de operários em São Paulo elevou-se mais de 174% em relação a 1940 e o número do valo da produção aumentou mais de 7 vezes (A Cidade de São Paulo, vol. III. Pág. 37.). Em 1950, São Paulo já concentrava mais de 27% dos estabelecimentos fabris e mais de 38% dos operários do Brasil. Também concentrava cerca de 44% do capital empregado na industria nacional. As indústrias de alimentação e têxteis continuaram sendo as mais significativas, seguido das metalúrgicas e mecânicas, químicas e farmacêuticas, construção civil e materiais de transporte.
Com Juscelino Kubitschek há o grande desenvolvimento industrial do país. A historiografia tradicional aponta como o período onde, de fato, começa-se a industrialização do Brasil. Lançado em 1956, o Plano de Metas permitiu a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro: isentou de impostos de importação as máquinas e equipamentos industriais. O Plano também ofereceu uma generosa política de crédito na tentativa de estimular o mercado interno, promoveu um grande investimento na indústria automobilística, com a vinda de fábricas de automóveis para o Brasil (principalmente o ABCD paulista), incentivou a indústria naval, a expansão da indústria pesada, a construção de usinas siderúrgicas e de grande usinas hidrelétricas, como Furnas e Três Marias. Além disso, abriu as rodovias transregionais e aumentou a produção de petróleo da Petrobrás.
É neste período que vemos uma grande transformação espacial em São Paulo. O grande crescimento industrial trouxe consigo um intenso movimento migratório vindo principalmente da Região Nordeste para São Paulo. A capital não estava preparada para essa transformação, por isso ocorre um rápido processo da macrocefalia urbana. Nas proximidades dos vales do Tietê e do Tamanduateí, onde ficam os bairros da Mooca, Lapa, Freguesia e Tatuapé, começa a observar-se uma paisagem tipicamente industrial, com fábricas, galpões, bairros operários, ruas pavimentadas, chaminés e muita poluição. O centro de São Paulo começa a se dinamizar, ganhando mais lojas, ruas, edificações e fluxos de pessoas a cada dia e também tem o seu crescimento vertical acentuado. Nesse período, as diferenciações espaciais (dentro do paradigma funcional) se acentuam, ou seja, as diferenças entre o centro, as zonas de transição, os subúrbios e as áreas periféricas industriais se torna mais nítida.
A partir da década de 1960, chega ao Brasil a chamada “Revolução Verde”. Trata-se de uma série de transformações nas técnicas e nas tecnologias de plantio. O modelo se baseia na intensiva utilização de sementes melhoradas (particularmente sementes híbridas), insumos industriais (fertilizantes e agrotóxicos), mecanização e diminuição do custo de manejo. Também é creditado à revolução verde o uso extensivo de tecnologia no plantio, na irrigação e na colheita, assim como no gerenciamento de produção.
Essa transformação acaba gerando um forte impacto em São Paulo, como a concentração fundiária e de capital nas zonas rurais. Como só os grandes produtores podem investir nessas novas técnicas e têm acesso a crédito, os camponeses e pequenos produtores acabam sendo expulsos e migram para os grandes centros urbanos. Este êxodo rural para São Paulo agrava ainda mais os problemas de estrutura urbana da capital. Surge, assim, o agronegócio, que em São Paulo é feito com a laranja, a soja, o café e a cana-de-açúcar.
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