segunda-feira, 29 de junho de 2009

4. Aspectos Sociais

As oscilações sofridas pelos diversos setores da economia no estado de São Paulo possuem efeitos diretos para a população: se o desempenho e, consequentemente, a lucratividade caem, busca-se cortar gastos, dentre eles, a mão-de-obra.

O Gráfico 19 mostra como ao longo dos últimos três anos o nível de emprego no país oscilou e, em uma comparação sazonal com o atual ano de 2009, nota-se que este apresenta comportamento atípico em relação aos anteriores, com níveis abaixo de uma suposta normalidade. Pode-se ver, inclusive, que, no próprio mês de outubro, houve uma queda além da característica do período, com persistência até o mês de fevereiro.

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Gráfico 19: Comparação na variação sazonal do nível de emprego

O setor industrial, o mais atingido, liderou o número de demissões no país, enquanto o comércio teve uma redução no número de postos de trabalho menor; já os setores que empregaram no período foram o de serviços e, acima dele, o de construção civil (Gráfico 20).

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Gráfico 20: Comparação da empregabilidade dos setores da economia

O Gráfico 21 reforça o nível de empregabilidade no setor da construção civil, já que este teve destaque no número de empregos criados. Além disso, vale observar que o setor recebeu incentivos do governo e a quatidade de mão-de-obra contratada não reflete um aquecimento, mas a continuidade de projetos que já estavam em andamento antes de a crise econômica internacional atingir o Brasil (Folha de São Paulo, 11/05/2009). Observa-se que mesmo sendo o setor mais próspero, sofreu forte queda no final do ano de 2008, quando a crise obteve seu ápice, e atualmente o nível retoma o crescimento.

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Gráfico 21: Empregabilidade no setor mais próspero da economia paulista

Dessa forma, o estado de São Paulo apresentou dados para o desemprego acima da média nacional, devido às indústrias, sobretudo a metal-mecânica e a de produção de maquinário e veículos da região metropolitana, que potencializaram seus números de demissões, como pode ser visto no Mapa 2, com dados de maio de 2009. Eles mostram que na Grande São Paulo o índice do desemprego teve uma média de -1,26, enquanto que no interior do estado foi de 2,15, em uma média geral de 0,80.

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Fonte: FIESP

Mapa 2: Espacialização do desemprego no estado de São Paulo

As quedas observadas nos municípios da região metropolitana explicam-se pela queda em cerca de 30% no setor de veículos e de máquinas e equipamentos, assim como as mais brandas nos de produtos químicos, borracha e plástico. Já as altas baseam-se sobretudo nos produtos alimentares e nos biocombustíveis, consumidos prioritariamente no mercado interno.

A crise afetou a indústria sucroalcooleira, mas o biocombustível, além de manter o status de promessa internacional, fincou raízes no mercado doméstico, com o álcool consolidando-se como combustível nos últimos anos. Ainda, outros mercados para a cana-de-açúcar são o da geração de eletricidade pela queima do seu bagaço, que está em franca expansão, e o do açúcar, que vive um bom cenário onde a demanda é maior que a oferta. (Folha de São Paulo, 21/06/2009).

O Mapa 3 expõe a concentração de tal setor no estado de São Paulo, quando comparado ao restante do território brasileiro, e o Gráfico 22 indica como o setor gera empregos enquanto os demais estão demitindo, no contexto da crise; assim como faz a relação sazonal evidenciando sua maior expansão frente aos outros setores.

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Fonte: IBGE

Mapa 3: Distribuição das plantações e usinas de cana-de-açúcar

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Fonte: FIESP

Gráfico 22: Setor sucroalcooleiro e os empregos gerados

A taxa de desemprego em São Paulo em abril de 2009 ficou em 15%, ante 14,9% de março, sendo que o contingente de desempregados foi estimado em 1,56 milhão de pessoas, 17 mil a mais do que em março – quando o indicador teve o maior aumento verificado em toda a série, calculada desde 1985. A estimativa para os próximos meses é de estabilidade nas demissões no cenário geral. (Folha de São Paulo, 29/04/2009).

São Paulo, contudo, é o estado que deve menos sentir a queda do repasse das transferências obrigatórias do governo federal (com 2% do valor contingido do orçamento de 2009) e a menor arrecadação de impostos, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços Prestados (ICMS). Além disso, por investir muito, tem a facilidade de cortar despesas, assim como dispõe de caixa e tem maior margem para dívida com organismos internacionais.

Assim sendo, o entendimento da distribuição espacial do desemprego no estado de São Paulo pode ser entendido através da análise da Geomorfologia das diversas regiões que o compõe, assim como da aptidão agrícola e consequente suscetibilidade à erosão dos solos.

Ao longo do litoral paulista, a domínio morfoestrutural é o de cinturões móveis neoproterozóicos, apresentando, portanto, relevo bastante acidentado e declivoso de serras e planaltos; enquanto que na direção do interior do continente, observam-se as bacias e coberturas sedimentares fanerozóicos, em vista disso, mais plano (Mapa 4).

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Fonte: IBGE

Mapa 4: Evidência para as mosfoestruturas do estado de São Paulo

Por conseguinte, é possível melhor entender os mapeamentos gerados para tal localidade (Mapas 5 e 6), apontando as terras interioranas como mais indicadas ao cultivo e plantações, enquanto que o litoral, historicamente, foi ocupado por maior concentração de povoamentos e atividades urbano-industriais.

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Mapa 6: Mapa de apidão agroambiental

Os reflexos de tais atividades desenvolvidas no território do estado paulista podem ser observados no mapeamento de uso e cobertura desenvolvido para o Domínio Mata Atlântica (Mapa 7), onde nota-se a grande devastação pela qual passou e ainda vem passando o referido bioma, que encontra-se mais preservado justamente onde o limitante topográfico impõe como restritivo à ocupação. Vê-se claramente a mancha urbana na região metropolitana de São Paulo e seu interior com predomínio de gramíneas ou coberturas herbáceas.

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Mapa 7: Uso e Cobertura do Domínio Mata Atlântica

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