segunda-feira, 29 de junho de 2009

3.3 Setor Financeiro

O Brasil é uma das maiores economias emergentes do mundo e, com isso, possui menor vulnerabilidade externa que demais países periféricos, sobretudo pelo seu acúmulo de reservas internacionais e sua condição de credor externo líquido. A cidade de São Paulo abriga a bolsa de valores do país, a BOVESPA, sendo, portanto, a análise de tal setor pertinente à este estudo.

Enquanto muitos países já sentiam em seus índices financeiros o efeito da falta de confiança do mercado e da consequente queda dos investimentos, o IBOVESPA se mantinha com desempenho positivo, sofrendo um impacto de menor intensidade; ele só passou a acompanhar as bolsas internacionais no segundo semestre de 2008, quando a crise entrou em sua fase aguda, vide Gráfico 9. É curioso notar que o volume de negociações aumenta com a queda no índice e, com a sua recuperação, sofre sensível descida.

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Fonte: BOVESPA

Gráfico 9: IBOVESPA e volume de negociações na bolsa

É notável a retomada do Índice a partir de março de 2009, tendo as ações que mais perderam valor no ano passado liderando as valorizações, são elas: as de bancos pequenos, construtoras, frigoríficos e usinas de açúcar e de álcool. São setores prejudicados pela contração no crédito, aperto na liquidez e problemas de geração de caixa, mas que recebeu do governo programas específicos para reverter esses problemas (Folha de São Paulo, 15/06/2009a).

O Brasil possui um dos melhores desempenhos em meio às atuais turbulências, o que lhe confere confiabilidade. Tal cenário não se restringe à ele, no geral, as economias emergentes apresentam-se mais resilientes. Os mercados de ações nesses países estão em fase de otimismo em relação à recuperação da economia global, que acredita-se estar sendo liderada pelo mundo em desenvolvimento, especialmente a China.

Embora esses mercados ainda estejam muito abaixo dos picos que alcançaram há mais de um ano, os investidores estão novamente vendo suas chances de crescimento como melhores que as dos Estados Unidos ou da Europa. A produção industrial vem se recuperando na China, e o mesmo ocorre com as vendas de carros na Índia e o varejo no Brasil (Folha de São Paulo, 15/06/2009b).

Em relação ao valor das commodities agrícolas e minerais, a desaceleração da atividade econômica global provocou redução em seus preços após um boom em meados de 2008, como é exemplificado com o preço do petróleo no Gráfico 10, variando com a retração da demanda. Atualmente, verifica-se sua recuperação e um ciclo de alta nesses produtos primários de exportação.

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Fonte: BCB

Gráfico 10: Exemplificação de queda no valor das commodities

Outro reflexo na economia diz respeito à taxa básica de juros, que, em favor do estímulo ao consumo pela dimuinuição do custo do crédito, sofreu sucessivos cortes pelo Banco Central desde o início de 2009, totalizando 4,5 ponto percentual e chegando à 9,25% em junho (Folha de São Paulo, 19/06/2009). Esta medida refletiu-se nas taxas de juros praticadas ao empréstimo pessoal por instituições bancárias, que, conforme o Gráfico 11, sofreram grande diminuição e, sobretudo uma forte queda no fim do ano de 2008, acredita-se, devido ao receio das tradicionais fortes vendas dessa época do ano sofrerem grande retração.

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Gráfico 11: Taxas de juros repassadas ao consumidor

Como podemos observar no Gráfico 12, o consumo veio sofrendo queda em fins do ano de 2008, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que mede a variação nos custos dos gastos; assim como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que cruza os parâmetros de pesquisas de preços com o de orçamento familiar – ambos calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Gráfico 12: Variação de preços ao consumidor no estado de São Paulo

Em uma análise conjunta com o Gráfico 13, de variação dos índices inflacionários do mesmo período, pode-se concluir que através da crescente da inflação do país, os preços tenderam a aumentar, enquanto o consumo sofreu retração.

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Gráfico 13: Índices inflacionários

O que vem ocorrendo atualmente, em meados de 2009, é que o custo do crédito está inclinado à queda, como mostra o Gráfico 14, onde o percentual da consideração dele como “mais caro” exibe diminuição, assim como o “muito mais caro”. Além disso, o acesso ao crédito expõe propensão à facilitação do consumo, como mostra o Gráfico 15, onde o percentual de classifcação como “mais fácil” está crescendo, enquanto que o “mais difícil”, dimunui.

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Fonte: FIESP

Gráfico 14: Variação no custo do crédito para o consumidor no estado de São Paulo

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Fonte: FIESP

Gráfico 15: Variação no acesso ao crédito para o consumidor no estado de São Paulo

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