segunda-feira, 29 de junho de 2009

3. Como a Crise Afeta São Paulo: Reflexos Conjunturais

A crise financeira pela qual a economia global está passando possui suas origens no mercado imobiliário estadunidense e suas hipotecas subprime. A expansão do crédito imobiliário entre 2001 e 2004 redundou nos empréstimos de alto risco e, com a alta da taxa de juros em 2005, muitos desses devedores ficaram inadimplentes, considerando-se que os financiamentos são de longo prazo à juros variáveis.

Os bancos financiadores quedaram-se sem o respaldo desses pagamentos, necessitando que o Estado interviesse injetando bilhões na economia e, mesmo assim, muitos deles anunciaram falência. A crise, anunciada desde 2006 por alguns economistas, afetou duramente as bolsas de valores norte-americanas em meados de 2007 e foi causando impactos sobretudo nas economias capitalistas desenvolvidas.

A economia do estado de São Paulo começou a sentir os reflexos da crise internacional em meados de 2008, quando ela atingiu sua fase mais aguda, no mês de outubro, como pode ser visto no Gráfico 1:

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Gráfico 1: Oscilação na economia do estado de São Paulo

Os índices são calculados pela Federação das Indústrias do estado de São Paulo (FIESP) e disponibilizados ao público através de sua página eletrônica oficial. Eles mostram claramente como, a partir de outubro, os diversos parâmetros econômicos analisados, como o mercado, as vendas e os investimentos, sofreram retraída por influência da conjuntura internacional, atingindo o seu máximo em dezembro, quando começa a retornar à condição anterior. O Sensor Geral representa uma média de todas as variáveis pesquisadas. Vale observar os índices do Estoque, que não possui a mesma retomada das demais, interpretado como um acúmlo que deva ter ocorrido nos últimos meses.

Especialistas acreditam que a crise está entrando em uma fase de estabilidade (crise em ‘L’, quando há uma forte queda e período de estabilização, sem retomada rápida do crescimento) e há uma perspectiva de melhora da situação econômica dos EUA: os dados, p. e., do número de empregos, mostram-se mais positivos do que o previsto, assim como economistas revisam suas projeções para o mercado (Folha de São Paulo, 06/06/2009a).

De acordo com o economista Paul Krugman, a economia não está dando um sinal de recuperação, como nas crises em ‘V’, com rápido movimento de declínio e revitalização, mas sim se estabilizando, ou seja, ‘as coisas estão piorando mais devagar’ desde a recessão iniciada em dezembro de 2007, sendo ainda cedo para afirmar que a contração terminou (Folha de São Paulo, 06/06/2009c).

O mercado imobiliário paulista sentiu com força a crise econômica tanto do lado da oferta quanto da demanda: o número de unidades novas vendidas no estado caiu 20% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2008 e o volume de lançamentos no período sofreu uma retração de 46,6% sobre o ano passado, ambos representados no Gráfico 2.

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Gráfico 2: Reflexos da crise imobiliária no mercado local paulista

Tais ajustes foram impulsionados pela crise: a freada na economia fez o setor se regular a um novo patamar, já que o ritmo de seu crescimento entre 2007 e 2008 foi exagerado, e hoje a expectativa é que ele comece a se recuperar (Folha de São Paulo, 24/03/2009).

A partir desse desempenho negativo e exemplificando como os setores econômicos são interconectados, pode-se sentir no consumo de cimento (Gráfico 3) tal oscilação, que acompanhou a anterior e é um indicador importante da construção civil:

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Fonte: SindusConsp

Gráfico 3: O consumo de cimento variando em combinação com o mercado imobiliário (Gráfico 2)

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