segunda-feira, 29 de junho de 2009

 

Resumo das Variações nos Índices de Volume de Vendas em São Paulo

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Gráfico 8: Síntese da Variação dos Índices de Volume de Vendas no Estado de São Paulo

A partir da analise desse gráfico é possível observar que o mercado varejista, embora apresente queda nítida principalmente a partir de setembro de 2008, tem uma variação mais tênue e gradual do que os outros dois setores. Isso indica que o efetivo poder de compra da população não foi fortemente abalado e que, de forma geral, as pessoas continuam mantendo um padrão de vida e consumo muito semelhante ao anterior à crise.

O mercado de carros, motos e autopeças, embora apresente tendência de queda desde o inicio da crise, conta com picos aparentemente inesperados, mas que podem ser explicados pelas medidas econômicas do governo que buscam amortecer uma possível redução do volume de compra por parte da população, o que levaria a um agravamento da situação atual. Como principal responsável desse comportamento anômalo, pode ser citada a redução no IPI (Imposto sobre Produto Industrializado), que levou a uma redução do preço de carros e motos sem que isso acarretasse em uma redução do valor arrecadado pelas indústrias com isso, incentivando o comércio e evitando uma recessão na atividade industrial e, consequentemente, uma onda de demissões.

O setor de materiais de construção, o qual é movimentado majoritariamente pela construção civil e por obras públicas, é o que apresenta mais forte tendência de queda, talvez por não contar com medidas efetivas de incentivo por parte do governo. Houve ainda a redução do fundo de participação dos municípios, um sistema de transferência de renda a partir do IPI, o qual, ao ser reduzido, reduziu também a renda de algumas cidades o que pode ter acarretado em uma redução das obras publicas por elas realizadas.

De uma forma geral, o que é possível perceber no comércio do estado de São Paulo, e que é tendência para o país como um todo, é que o impacto foi maior para produtos de alto valor unitário, e/ou que dependem de crédito e financiamento para sua compra. Dessa forma, é possível inferir que o impacto nas atividades comerciais se deu principalmente pelo medo, seja dos consumidores de não serem capazes de arcar com prestações e dividas, seja de instituições financeiras que reduziram a disponibilidade de crédito para a população.

Outro dado pertinente neste cenário é o fato do comércio informal, com vendas de 50 a 60 reais, ter sido o único que registrou crescimento, de 8% da clientela e 2% de faturamento. Durante os últimos 2 anos, tem havido uma mudança no perfil de consumidores desses produtos, os quais hoje atingem à classe B também. As mudanças que parecem estar ocorrendo nos padrões de consumo devido à crise acabam por consolidar essa nova tendência.

Embora esta seja uma atividade que não contribui diretamente com impostos e fortemente repreendida pelo poder público, em tempos de crise configura-se, para muitas famílias, como uma solução. O comércio informal funciona como um amortecedor para a economia e relações comerciais cotidianas, o que permite que a população continue tendo acesso aos mais variados bens de consumo além de garantir a renda de uma classe social que poderia ter seu nível de vida fortemente comprometido em tempos de recessão econômica.

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